sábado, 28 de fevereiro de 2015

Ilustração: The Life and Times of Scrooge McDuck por Don Rosa



Don Rosa foi na minha opinião o grande desenhador da Disney. Penso que superou o mestre, Carl Barks, mas pronto... talvez seja apenas uma questão de gosto pessoal!
:)
Don Rosa é também para mim o rosto da infâmia com que Disney trata os seus artistas. Desenhou superiormente os "Patos" da Disney dando milhões a esta empresa, e apenas recebeu um ordenadozinho miserável durante alguns 20 anos e nem um royalty que se visse. É uma pena que as pessoas não sejam reconhecidas como devem pelas empresas em que trabalham, sobretudo quando estas facturam milhões...

Fiquem com alguns pormenores deliciosos de Scrooge McDuck por Don Rosa:








Boas leituras

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Um Contrato com Deus




A Contract with God and Other Tenement Stories é considerada a precursora de um género apelidado de Novela Gráfica, Graphic Novel no original.
E alguns leitores podem perguntar, mas o que é uma Novela Gráfica?
Bem, existem muitas definições, mas penso que a maior parte dessas mesmas definições são redutoras desta plataforma da Banda Desenhada.

Pode-se dizer que será uma obra ficcional, ou não, apresentada num formato de Banda Desenhada e publicada como se de um livro de literatura se tratasse. Os temas são por norma para adultos, as ideias apresentadas são tratadas com uma certa profundidade, e a parte gráfica é por norma evoluída na forma e na sua construção ao longo das páginas. O livro funciona como um todo, princípio, meio e fim!
Uma compilação de comics não é uma Novela Gráfica por exemplo. Todo esse livro está inserido num ambiente já conhecido e as suas personagens têm história já antiga, ou seja, a história já existe antes desse livro, e existirá depois dele.
Uma Antologia também não é uma Novela Gráfica. É um conjunto de histórias diferentes, de diferentes autores, e isto não acontece numa novela Gráfica.

O conceito foi popularizado por Will Eisner, um dos mais autores importantes da BD moderna, e foi exactamente com este livro que o fez. Eisner para além de ter sido o autor da célebre série “Spirit”, também foi um estudioso da BD e dois dos livros mais importantes sobre BD são da sua autoria: “Comics and Sequential Art” e “Graphic Storytelling and Visual Narrative”.
Por alguma razão um dos prémios mais famosos na Banda Desenhada tem o seu nome: The Eisner Awards.
Que eu me recorde, deste importante autor apenas estão publicados em português ”Fagin, o Judeu” , “A Conspiração”, “O Grande Jogo” e “John Law”.

Devido a todas estas razões foi importante a escolha deste livro para abrir esta colecção.
Este livro teve duas sequelas, “A Life of Force” e “Dropsie Avenue: The Neighborhood”, reunidas numa trilogia em 2005.
Mas este livro não é o caso e vamo-nos focar neste “Um Contrato com Deus”.

As quatro histórias que dão forma e vida a este livro passam-se nos anos 30 e a narrativa tem como espaço principal o bairro Nova Iorquino do Bronx, mais propriamente o nº55 da Avenida Dropsie. Contam-nos as histórias de famílias pobres, desestruturadas, os seus anseios por uma vida melhor e as coscuvilhices próprias deste tipo de ambiente.
Segundo o próprio autor umas são histórias reais, outras poderiam ser. Quais são quais não sabemos.

As personagens são quase todas judias, é uma marca registada de Eisner (ele próprio judeu), e são colocadas no centro de temas e dramas próprios da época. A juntar a isto Eisner coloca Fé.
Fé e falta de Fé em Deus, Fé nas pessoas, Fé que a vida há-de ser melhor… enfim, Fé demais.
Penso que existe um moralismo muito simplista e cheio de lugares comuns nesta obra de Eisner.

O sexo está no centro de três das histórias deste livro mas apesar de ser apresentado sem tabus, as mulheres são apresentadas como simples objectos gesticulantes. Apesar de temas importantes serem objectos centrais deste livro como a violação, a pedofilia, vidas duplas, casamento por interesse… fica isto manchado pela representação da mulher objecto. Aliás, este livro está cheio de estereótipos manhosos.
Até no próprio desenho das personagens há falhas… há personagens que são descritas graficamente muito deficientemente, mudando de feições conforme a vinheta ou a página…

Os pontos positivos na minha opinião são a construção do livro e os ambientes urbanos descritos graficamente por Eisner. Alguns são absolutamente maravilhosos.
Sinceramente as minhas histórias preferidas deste livro são "O Zelador" e "Cookalein".

Dentro do género Novela Gráfica considero-o muito mediano. Não é com certeza o melhor livro de Eisner!
Mas como disse atrás foi uma obra muito importante na História das Graphic Novels, e como tal tinha de estar incluída nesta colecção e de preferência o primeiro a sair. E assim aconteceu!
E gostei muito da edição da Levoir. Embora a capa não seja das minhas preferências acho esta edição portuguesa muito boa.
Parabéns à Levoir por esta aposta.

Volto a frisar que esta colecção é imprescindível na prateleira de quem gosta de BD na generalidade. Por todas as razões!

Poderão perguntar porque é que eu classifiquei este livro como mediano. Muito simples, eu sou muito mais rigoroso na leitura e apreciação de uma Novela Gráfica do que quando estou a olhar para um livro tipo super-heróis light pipoca! Gosto, mas não tem as pretensões a que se propõe uma novela gráfica.
;)

Boas leituras

Hardcover
Criado por Will Eisner
Editado pela Levoir em Fevereiro de 2015.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Lançamento Levoir: Colecção Novela Gráfica


É já amanhã!
A Levoir decide arriscar com uma colecção fora do normal. São obras de altíssima qualidade mas que não se enquadram minimamente com o que tem sido publicado com o jornal, isto porque até aqui têm sido colecções para o chamado "grande público", e esta é decididamente uma colecção de obras bem mais adultas.

As obras irão ser publicadas no seu formato original, e daí advém que os tamanhos sejam díspares. Mas não tem problema porque os livros não vêm numerados, portanto podemos guardá-los junto a outros livros similares no formato.
Não possuo nenhum dos livros desta colecção, embora já tivesse vontade de importar em inglês alguns deles.
À partida os que tenho mais vontade de ter são O Livro do Mr. Natural, A louca do Sacré-Coeur, Sharaz-de e Bando de Dois. O resto será uma completa surpresa pois não conheço mesmo.
Irei fazer mais referências a esta colecção. Para já fica a apresentação!

Podem ficar com a informação da responsável da Levoir:

Depois do Público ter lançado desde 2003 praticamente a BD franco-belga mais relevante, de ter desenvolvido junto da Levoir o lançamento massivo de obras da Marvel e DC Comics, voltamos a trazer aos leitores portugueses obras inéditas em Portugal do género moderno da Novela Gráfica, nascido nos anos 60.

Vamos lançar juntamente com o Publico no próximo dia 26 de Fevereiro 12 novelas gráficas inéditas em Portugal, em português de Portugal.

Editaremos pela primeira vez 9 obras traduzidas a partir da língua original,Contrato com Deus de Will Eisner, A louca do Sagrado Coração de Jodorwsky e Moebius, Foi assim na Guerra das Trincheiras de Tardi, A Arte de Voar de Altarriba e Kim, Mr.Natural de Robert Crumb, A Viagem de Edmond Baudain, Sharaz-de de Toppi, Em busca de Peter Pan de Cosey, O Diário do meu Pai de Taniguchi.Uma obra inédita em Portugal mas em português do Brasil, Bando de Dois de Danilo Beyruth premiada como melhor HQ no Brasil, Mort Cinder de Breccia edição completa ( houve uma edição parcial que já não está disponível no mercado) e uma obra portuguesa Beterraba: A vida numa Colher de Miguel Rocha que também não se encontra disponível no mercado e com uma nova capa.

São livros de capa dura no tamanho original da obra, por isso temos vários formatos, preço de 9,90€ todas as semanas nas bancas com o jornal Público. Os livros não estão numerados, apenas no código de barras.

26 de Fevereiro
Um Contrato com Deus - Will Eisner

5 de Março
A louca do Sacré-Coeur - Jodorowsky & Moebius

12 de Março
A Viagem - Edmond Baudain

19 de Março
Foi assim a Guerra das Trincheiras - Jacques Tardi

26 de Março
Beterraba – A vida numa colher - Miguel Rocha

2 de Abril
A Arte de Voar - Antonio Altarriba e Kim

9 de Abril
O Livro do Mr. Natural - Robert Crumb

16 de Abril
Em busca de Peter Pan - Cosey

23 de Abril
Sharaz-de - Sergio Toppi

30 de Abril
O Diário do meu Pai - Jirô Taniguchi

6 de Maio
Mort Cinder - Héctor Oesterheld & Alberto Breccia

7 de Maio
Bando de Dois - Danilo Beyruth




Boas leituras

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ilustração: Star Wars - Knight Errant por Benjamin Carré (Ornicar)



De vez em quando descobre-se em buscas errantes trabalhos que nos ficam no olho. Pode ser pela qualidade, pode ser pelo motivo, ou então um misto de ambos.




Benjamin Carré tem ilustrações para mostrar aos fãs de Star Wars! Podem visitá-lo no sua galeria de arte virtual, ou no seu Deviantart:

http://www.blancfonce.com/images/#/content/start/

http://ornicar.deviantart.com/

Boas leituras

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Livros em Leitura: Fevereiro 2015



Fevereiro não foi um mês de muitas leituras.
Ficam as que fiz até agora. Mais uma vez não farei menção a releituras (que fiz algumas).
:)


Batman Gótico


 Uma boa história de Grant Morrison, em que o sadismo  e perversões várias estão presentes. O elemento sobrenatural está presente como pano de fundo e para tornar tudo um pouco mais negro são-nos apresentados excertos da vida de Bruce enquanto criança nas mãos de alguém bem escuro...
Recomendo este livro.



Batman Presa



 Este foi uma das minhas melhores leituras deste ano. Já fiz um post sobre ele, e para saberem detalhadamente o que achei sobre 'Presa' é só clicarem no seguinte link: Batman: Presa




XIII - O Regresso a Greenfalls - A Mensagem do Mártir


 Foi o primeiro livro a ser publicado nesta última (e excelente) série da ASA com o jornal Público, isto apesar de ser o último da colecção. Este 2º ciclo da série XIII está a parecer-me bastante mais fraco (e um pouco forçado) do que o 1º e excelente ciclo. Gostaria que apenas fosse publicado nesta colecção mais um ÚNICO livro para completar este 2º ciclo e que a série acabasse por aí.
Não quer dizer que seja mau, antes pelo contrário, mas fica bem abaixo dos restantes.




Batman Detective


 Livro muito interessante. Paul Dini (argumentista) mexe-se muito bem no universo do Batman e faz uma série de pequenas histórias em que por um motivo ou outro tem de ajudar um vilão.
A minha história preferida é mesmo a última. Roda à volta de Harley Quinn (Dr. Harleen Frances Quinzel), que demonstra que se quer emendar... isto vindo de uma psicopata apaixonada pelo Joker!
Mas sim, gostei muito de ler.



Hawkman Archives Vol.1 


Adorei! Delicioso.
É uma das minhas personagens preferidas da DC Comics, e não vou falar mais sobre este livro porque brevemente irei fazer um post sobre ele.
;)

Boas leituras

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Lançamento Goody: Hiper-Disney #27



Saiu ontem mais um 'Hiper'.
:)
Nota de imprensa da Goody:


HIPER #27

Acelera a fundo com o Donald e o seu imbatível 313, na Hiper #27! Nesta edição, a invasão de uma raça alienígena vai fazer tremer todos os comuns mortais! Todos?! Não! Há um pato que resiste com uma estoicidade notável: o Superpato, pois claro!

Acompanha os seus feitos extraplanetários em Evronianos! A seguir temos uma aventura que uma vez mais te vai dar a impressão que estás a lidar com um povo alienígena… Mas desta vez é pura ilusão! Vamos antes descortinar alguns dos mistérios da civilização Maia! Mickey e a prenda de Xamoc vai surpreender-te!

E será também o rato mais conhecido do mundo o protagonista da próxima história aos quadradinhos! Mas desta feita, terá a companhia de um pequeno grande amigo muito especial: o Atomino Bip-Bip! É aqui, neste histórico episódio, que o átomo irrequieto fará a sua estreia!

Mickey e a dimensão Delta é imperdível! E como as melhores histórias do Mickey são aquelas em que ele se apresenta como um detetive perspicaz, não quisemos que te faltasse um épico “noir”, cheio de imprevisibilidade e reviravoltas! Estrelita é uma história simples no título mas intrincada na trama! Mas para ti, nenhum segredo será insondável!

Hiper é banda desenhada ao quadrado!






ÍNDICE
07 EVRONIANOS
78 MICKEY e a prenda de Xamoc
113 O DIÁRIO DE MARGARIDA – Testemunha ocular
131 MICKEY e a dimensão delta
203 DONALD e os camarões estufados
253 ESTRELITA
313 PROCURA-SE: Aventura Man





































Boas leituras

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Crumbs - An anthology of delicious comics by portuguese toast makers



A antologia Crumbs saiu em Portugal durante o Amadora BD de 2014, e logo a seguir foi "passear" até ao festival britânico Thought Bubble, em Leeds, onde a Kingpin Books (editora de Crumbs) esteve presente.

Foi um cartão de visita português para o público do Reino Unido, e pelas reacções, um bom ensaio! Mostrou algo do que os portugueses são capazes de favor em variadas vertentes da BD.

Crumbs representa a diversidade. O cruzamento de ideias e estilos da BD que passam por Portugal, sim, apesar de tudo conseguimos ser bastante eclécticos naquilo que vai para as estantes das bancas e livrarias, e essa situação acaba por dar uma ambiência própria aos nossos argumentistas e desenhadores.
Este facto é referido pelo Vice-Presidente da Marvel, CB Cebulski:

“Os criadores portugueses são únicos. Não estão colados a uma escola específica como os franceses, os espanhóis ou os italianos, por exemplo. Cada artista português vai beber a várias fontes distintas para criar o seu próprio estilo, com influências que vão desde o franco-belga mais clássico ao manga alternativo mais dinâmico, mas sempre com uma coisa rara: uma verdadeira identidade.”

Esta antologia contem 12 histórias, em que participam 17 criativos portugueses, e fica a lista:
  • Capa - André Pereira (desenho) e Afonso Ferreira (cor)
  • The Light Bearer - André Oliveira (argumento) e André Caetano (desenho)
  • Tunnels - Fernando Dordio (argumento) e Bernardo Majer (desenho)
  • The Boar-Man is Getting Married, or, Leng Tch'e - David Soares (argumento) e Pedra Serpa (desenho)
  • Orwell, the Soviet Cat - Mário Freitas (argumento) e Sérgio Marques (desenho)
  • Young Enlil goes to Hell - Pedro Cruz
  • The Green Pool - Francisco Sousa Lobo
  • Low Battery - Nuno Duarte (argumento) e Osvaldo Medina (desenho)
  • Hanging Garden - André Oliveira (argumento) e Inês Galo (desenho)
  • Ick! - Joana Afonso
  • In Clouds - Ana Matias (argumento) e Bernardo Majer (desenho)
  • Omega - Nuno Duarte (argumento) e Ricardo Venâncio (desenho)
  • Walpurgis 77 - Zé Burnay
Como foi um livro preparado para apresentação e venda no Reino Unido, Crumbs está todo ele escrito em Inglês, como devem ter reparado pelos títulos das histórias.

Todas estas histórias são bastantes diferentes em temas abordados, como no estilo gráfico usado. Mas todas elas têm qualidade! É provavelmente o gosto pessoal de qualquer leitor assíduo ou casual que irá fazer pender mais a leitura para algumas delas, deixando as outras não tão agradáveis à sua vista de lado. Isso é natural e humano.

Mas eu convido (e eu também tenho preferências) a que façam uma releitura e que aí leiam sem preconceitos todas as histórias. Existem algumas talvez não tão agradáveis visualmente, ou mais "difíceis" de ler, que na realidade são bem interessantes.





















































Para a minha inclinação pessoal gostei muito de Light Bearer (um final bastante bom e desenho a meu gosto), Orwell (pelo assunto focado), Omega (adoro aquele desenho) e no topo coloquei Low Battery e Ick!. Isto sem menosprezar nada nem ninguém, são apenas inclinações pessoais. Na minha releitura a esta antologia embrenhei-me melhor no Boar-Man is Getting Married, uma leitura mais difícil, tanto ao nível do argumento como no grafismo usado, mas no fim valeu completamente a pena.

A Kingpin Books de parabéns mais uma vez.
É um pequeno livro de bolso, mas muito representativo. Aliás, a Previews UK dedicou a esta publicação portuguesa um lugar no seu Spotlight On, como podem ver na imagem em baixo.




Livro de Bolso
Criado por André Oliveira, Fernando Dordio, David Soares, Mário Freitas, Pedro Cruz, Francisco Sousa Lobo, Nuno Duarte, Joana Afonso, Ana Matias, Zé Burnay, André Caetano, Bernardo Majer, Pedro Serpa, Sérgio Marques, Osvaldo Medina, Inês Galo e Ricardo Venâncio
Editado em Novembro de 2014 pela Kingpin Books

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Batman: Presa



Para já queria dar os parabéns à Levoir. Neste momento são uma editora muito fiável ao nível da BD norte-americana com excelentes lançamentos em português, isto depois de um começo titubeante com alguns títulos e colecções passadas que não faziam muito sentido, e nem teriam sido bem escolhidos (isto se a Levoir teve direito a escolher) na minha opinião.

Apesar de já ter lido, tanto em português, como em inglês, alguns dos livros desta colecção da Levoir (75 Anos de Batman), por outros esperava ansiosamente. Este era um deles: Presa

Este livro saiu na sexta-feira passada (13 de Fevereiro) e cronologicamente segue a linha traçada por Ano Um (o primeiro livro desta colecção).
Originalmente este Presa (Prey no original) é a compilação de uma história em cinco partes de Doug Moench (texto), Paul Gulacy (desenho), Terry Austin (arte-final) e Steve Oliff (cor) de 1991.

Doug Moench foi o criador de Black Mask, Moon Knight, Deathlok e do mais do que conhecido Bane. Foi também protagonista numa série que indelevelmente ficou ligada a esta dupla: Master of Kung-Fu (Shang-Shi). Para mim um dos melhores trabalhos na BD norte-americana na altura em que este argumentista pegou nela em conjunto com Paul Gulacy no desenho.

E falando deste extraordinário e premiado desenhador, este foi um pioneiro no género graphic novel com a obra Sabre: Slow Fade of an Endangered Species em 1978 publicada pela Eclipse Books. Depois tem uma longa carreira no universo Batman do lado da DC Comics, e claro, na Marvel fez o seu grande Shang-Shi.

Esta dupla criativa consegue páginas de perfeito virtuosismo gráfico-narrativo neste livro. É um prazer enorme ler as imagens de Gulacy completamente enlaçadas no argumento de Moench. As minhas expectativas não foram goradas (felizmente).
A força desta dupla criativa está na perfeita simbiose que demonstram sempre que trabalham juntos!

Doug Moench apresenta-nos um Batman ainda imperfeito, ainda a melhorar. Vem na cronologia do reboot Year One (Ano Um desta colecção). Gordon ainda é apenas Capitão, a polícia no geral não confia neste vigilante de aspecto assustador e os políticos não se sentem à vontade com ele. Claro… continuamos a assistir à ascensão da Catwoman como ladra de top!
Assim Moench mostra-nos um Batman ainda sem à vontade na luta contra o crime, sem confiança nas suas capacidades e muitas vezes acossado por todos os intervenientes da história (excepto Gordon).

Paul Gulacy faz-nos um retrato incrível do ambiente de Gotham, das suas ruas, edifícios e sociedade. Achei-o perfeitamente genial neste livro. Um detalhe incrível, sem tirar fluidez e velocidade às suas páginas. Se eu já era fã do trabalho dele, agora fiquei completamente agarrado. Estou a fazer este post com o livro à frente, a folhear, e a dizer mentalmente “uau” página sim, página não, relativamente à qualidade de Gulacy. Mas é feio só falar dele na parte gráfica. Terry Austin dá vida e detalhe ao desenho de Gulacy com uma excelente arte-final, e por fim Oliff dá o toque final colorido. Muito bom!

Como disse atrás, Batman está no início da sua carreira de vigilante/detective, e a própria polícia e a sociedade não confiam nele. Este é um ponto importante, porque é com esses ingredientes que nasce o nosso vilão deste livro, o psiquiatra Hugo Strange.
E nasce pela mão do próprio Mayor da cidade, Wilson Klass.

Fica responsável para em conjunto com a polícia dar caça ao morcego. Claro que Gordon se põe fora disto e encarrega um polícia (sargento Max Cort)que parecia burro demais para ter sucesso em algo deste género, como responsável de uma força especial de polícia para, em conjunto com Dr Hugo Strange, prender Batman.

Hugo Strange é notavelmente construído por Moench. A sua figura de psiquiatra altamente inteligente, mas também com uma psique muito retorcida, está muito boa. Strange consegue viver dentro do morcego. Sempre a na cabeça de Batman, antecipando situações da sua vida, extrapolando o passado dele através das suas acções presentes. Acaba por ficar completamente viciado pela figura negra do morcego.

Em contrapartida Max Cort é bruto, forte, e cria uma tara pela captura de Batman. Descobre ligações de Gordon com Batman e aí em conjunto com Stange cria um alter-ego com vista a desacreditar o morcego.
E ficamos por aqui. O resto é para vocês lerem e apreciarem.

E desculpem a minha ausência neste blogue, vou começar a melhorar a minha assiduidade com certeza!


E como bónus apresento aqui no fim uma página "dupla" de um bom momento de acção.
Digam lá se isto não vos faz lembrar outras sequências de luta, com outras personagens?
Ãh?
:)





 Boas leituras

Hardcover
Criado por Doug Moench (texto), Paul Gulacy (desenho), Terry Austin (arte-final) e Steve Oliff (cor)
Editado Fevereiro de 2015 pela Levoir

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Red Star



É que nem podia vir melhor a calhar...

Estou a falar-vos acerca da obra de banda desenhada Red Star, e digo que «nem podia vir melhor a calhar» por ser uma quase que perfeita ironia, metáfora, para os tempos que correm: o facto de que um dos poderosos vilões deste argumento se denomine de Troika, pormenor delicioso que quase me conseguiu arrancar um sorriso após leitura; ou que, traduzido directamente do Inglês, a expressão "o escravo perfeito é aquele que se crê livre", retirada directamente da obra, seja uma das que melhor representem um estilo de leitura, recheada de bons exemplos e imagens.




É uma obra diferente por ser, não apenas, surpreendentemente refrescante mas, por se manter assim, tão actual, tão carregada de alguma da simbologia comum à humanidade, quer se queira quer não. Utiliza um imaginário que para um americano poderíamos julgar quase que tabu, o imaginário comunista, e reconta-o, acrescentando-lhe um lado mágico, e fabuloso.

Sim, é certo que aqui, na obra, URSS significa United Republics of the Red Star, a verdade é que não deixa de ser inspirada na história, assim como na arte da União Soviética, para nos dar a conhecer a mitologia associada a uma guerra de proporções monumentais, ou à história de uma rebelião, contra um estado opressivo e omnipresente que, sem que os seus intervenientes se apercebam, os manipula e escraviza.

Red Star é resultado de um enorme trabalho de equipa. Originalmente editado pela Image Comics, entre os anos de 1999 e 2004, foi criado por Christian Gossett, e tornado possível devido ao trabalho de tantos outros, não menos importantes. Ora, Christian Gossett é conhecido pelo seu trabalho para a Lucasfilm, contratado como um dos primeiros designers da série Star Wars, em 1993; a ele devemos a ideia de um sabre de luz de lâmina dupla, que mais tarde seria utilizado para a descrição da personagem Darth Maul, em "A Ameaça Fantasma". É bem possível que essa influência, a influência desse trabalho, do trabalho em Star Wars, esteja presente em Red Star, mas a esse género de conclusão deixo à vossa consideração tirar.

Podem verificar. É uma arte de uma beleza intrigante, cinematográfica mesmo, que recorre a altos efeitos 3D, assim como manipulações tecnológicas. Um facto que por vezes me cansa, confesso. Às tantas, acho que, ao primar pela complexidade de certos cenários assim como das próprias técnicas de ilustração e representação do movimento, ou da acção, se perde algo na tradução, principalmente no que diz respeito ao desenho das personagens, ou às suas expressões, ou quase mesmo que, à sua componente humana. Fora isso, não me deixa de extasiar.

Boas leituras.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Máquina do Tempo: JLI, os primeiros anos


Foi um dos títulos que mais prazer me deu ler, a prova disso é ser das poucas revistas da editora Abril que comprei do primeiro ao último número, tal o gozo que me dava acompanhar as aventuras da Liga da Justiça Internacional. A prova que o humor tinha lugar nas revistas de super heróis, sem cair na paródia nem deixar de lado a acção e a aventura.

A DC passava por grandes mudanças na segunda metade da década de 80, depois do mega evento Crise nas Infinitas Terras, muitos dos seus principais personagens passaram por mudanças extremas, alguns deles recebendo novas origens e um recomeço absoluto, como era o caso do Super-Homem de John Byrne. Parecia ser então a altura certa para uma nova Liga da Justiça, que surgiria das páginas da saga Lendas e usaria alguns dos heróis aí presentes. Keith Giffen foi o escolhido para escrever as histórias, e apesar deste querer um regresso às origens e usar os 7 grandes heróis da liga, foi-lhe dito que isso não seria possível e este só conseguiu o Batman (muito devido à pena que o editor Denny O'Neill teve dele) e o Caçador de Marte.

O editor da Liga era Andy Helfer, que era também editor dos Lanternas Verdes e sugeriu a utilização do Guy Gardner, uma personagem recente que tinha tido algum destaque em crise. Giffen recrutou a ajuda de JM DeMatteis, e como ambos estavam a produzir a série do Sr.Destino, decidiram utilizar o mago na Liga também, juntando assim mais uma personagem estabelecida no Universo DC. A Canário Negro era a ligação ao passado da equipa, sendo que o Capitão Marvel seria o peso pesado do grupo que teria ainda a participação (curta) da nova Dra. Luz, do Besouro Azul e do Senhor Milagre, um herói que estava preso no esquecimento.

Giffen achou que poderia ter alguns problemas com esta mistura de novos heróis com outros da velha guarda, afinal foi esse um dos maiores problemas na prévia incarnação da Liga, e lembrou-se então de usar o humor para contrariar aquele tom sério e urbano que assolava as duas grandes editoras de comics. Canário teria apenas uma mudança, viria a assumir um papel de uma ferrenha feminista, Batman e Sr.Destino teriam não seriam diferentes na sua personalidade (a não ser uma enorme paciência), mas tudo o resto iria ser moldado por Giffen e DeMatteis. Besouro seria o palhaço do grupo, dando mesmo assim laivos de grande inteligência, Gardner o machão Rambo, Capitão Marvel era igual à criança ingénua que era na verdade, e o Sr Milagre seria o faz tudo da equipa.


Os primeiros números focavam muito na interacção das personagens, o conceito família com suas discussões e confusões era explorada ao limite e a arte de Kevin Maguire ajudava a dar um carisma a toda a equipa e a ficarmos ainda mais apaixonados a cada página que víamos. A qualidade das suas expressões faciais davam outra dimensão ao humor pretendido, e sem sombra de dúvida contribuiu para o seu sucesso.

Foi preciso a personalidade dominante de Batman para acalmar as discussões e liderar a equipa, tomando as rédeas desta desde o primeiro encontro na caverna da antiga liga e comandando a primeira missão onde eles salvam os membros das nações unidas de um grupo terrorista. Nas edições seguintes vemos como a equipa podia enfrentar grandes desafios, quando vão enfrentar um grupo de 3 heróis que vinha de uma dimensão paralela e ajudavam um ditador iludido (que se viria a tornar um vilão recorrente) de um país chamado Bialya que os convenceu a ir desligar as usinas nucleares da Rússia.

O problema para a Liga surge quando os Sovietes Vermelhos, um grupo criado pela Rússia para responder aos super heróis Americanos, querem tratar eles disso e entram em confronto com os nossos heróis, em especial contra um Rambo com anel verde. As coisas resolvem-se e a equipa tenta então descobrir o que o misterioso Maxwell Lord queria com eles, já que estava por detrás de muita coisa que estava a acontecer e apareceu com um herói chamado Gladiador Dourado e pretendendo que este fosse tornado membro da Liga da Justiça da América.


Gladiador viria a tornar-se o parceiro ideal para o Besouro Azul e ambos viriam a ser protagonistas de alguns dos momentos mais cómicos do grupo, com o famoso "BWA hahaahaha" a entrar em acção. As primeiras edições tinham bons momentos de humor mas também boas cenas de acção, o número em que o Gladiador entra e enfrenta a Gangue das Espadas mostra um confronto bem interessante, assim como a edição mais séria que leva a equipa ao seu primeiro confronto com o sobrenatural enfrentando o Homem Cinza.

Isto tudo após um dos melhores momentos do 1º ano desta equipa criativa, o facto de colocarem o Batman a derrotar o Lanterna com apenas um murro, numa sequência de painéis bastante interessantes e que viriam a criar uma mudança completa na personalidade de Guy. Este fica extremamente dócil e muito mais calmo do que era no início, o que não viria a ser a única mudança na equipa, que viria a perder alguns integrantes e a conseguir outros. com a entrada do Capitão Átomo e do Soviete #7 para acompanhar o apoio das Nações Unidas e formarem assim a nova Liga da Justiça Internacional.

Como não gosta de estar na ribalta, Batman decide deixar a liderança e propor que o Caçador de Marte se tornasse o líder da equipa. A partir da sétima edição há uma mudança no logotipo da revista, incluindo a Brasileira, para assumir mesmo essa particularidade. A revista brasileira seguia com algum sucesso, muito por culpa de um bom mix, juntando na mesma revista a fase bastante interessante do Esquadrão Suicida de Ostrander, que curiosamente viria a ter um encontro com a liga, muito por culpa do Batman.

Pelo meio vinha a primeira participação numa mega saga da DC, Milénio, que viria a revelar que um dos membros do grupo era um Caçador e ainda uns números a mostrar a origem de Maxwell Lord, de como este era um sacana ambicioso mas que na verdade tinha um bom coração e Oberon, o anão que acompanhava o Sr Milagre, ajudava a que ele tivesse outra visão sobre as coisas.

No confronto com o Esquadrão assistimos a grandes momentos, especialmente a luta entre Batman e Rick Flagg, e foi depois deste encontro que o morcego abandona a equipa, juntado-se assim a Sr. Destino e Capitão Marvel que há muito tinham desistido do grupo.

Depois de tantas ameaças mundanas, e com o bom desempenho que os elementos da equipa tinham tido em Milénio, chega a altura do grupo ir para o espaço, mas isso fica para o próximo artigo.

Já sabem que podem sempre visitar o meu blog Ainda Sou do Tempo para mais viagens ao passado.








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