quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Palavra dos Outros: Uma breve história da identidade secreta – Parte III por Paulo Costa


A história das identidades secretas escrita por Paulo Costa chega a meio caminho com esta terceira parte!
Continua o excelente artigo sobre este tema, e só para vocês!
:D


Uma breve história da identidade secreta – Parte III

No final dos anos 50, a DC voltou a criar novos super-heróis, com nomes antigos. Máscaras e identidades secretas abundavam. Mesmo quando a DC lançou a Liga da Justiça, juntando os melhores heróis da editora, os encontros mais pareciam um clube de cavalheiros fetichistas. Apesar do trato amigável, todos se referiam aos outros pela identidade heróica e não pelos nomes reais. O visual e design associado aos super-heróis foi também usado nas tiras de aventuras e ficção científica, incluindo os Desafiadores do Desconhecido, Cave Carson, Rip Hunter e Adam Strange. Destes, Adam Strange é o que mais se parece com um super-herói.

A ressurreição do super-herói nos anos 60, geralmente com fraquezas humanas, começou também a tornar o conceito de identidade secreta obsoleto dentro do género. O Anjo, na Marvel, e a sua contraparte na DC, Mr. America (Tex Thompson), tinha sido um herói com identidade publicamente conhecida, mas, tal como Adam Strange, não tinha superpoderes reais, e não era um super-herói no sentido mais restrito. O Príncipe Submarino e o Tocha Humana não tinham identidades secretas reais, mas uma vez que o primeiro vinha de uma sociedade diferente da humana e o segundo era um homem artificial, a ideia não era aplicável. Desta forma, foi em 1961 que surgiram os primeiros verdadeiros super-heróis com identidades publicamente conhecidas: o Quarteto Fantástico.


Logo no início, o Quarteto Fantástico fez tudo ao contrário dos outros super-heróis. Em vez de um quartel-general secreto, o grupo trabalhava num arranha-céus à vista de todos. Os seus uniformes não possuíam máscaras, e um dos membros não poderia esconder-se mesmo que quisesse: o Coisa estava preso na sua forma monstruosa. Apesar de terem nomes de código, a dinâmica familiar fez com que se tratassem regularmente pelos nomes reais ou alcunhas nascidas de relações próximas. O Quarteto Fantástico acabou por tornar-se uma influência em futuras publicações da Marvel, especialmente envolvendo equipas. Enquanto a Liga da Justiça continuava a ver os seus membros tratarem-se pelos pseudónimos, o Quarteto e os X-Men comportavam-se como famílias.

Os Vingadores passariam a funcionar do mesmo modo a partir do nº 16, em que os membros originais deram lugar à equipa disfuncional de ex-criminosos liderados pelo Capitão América, já que quase todos se tratavam pelo nome próprio (o Gavião Arqueiro continuou a ser uma excepção por mais alguns anos). Se antes não eram uma família, pelo menos tratavam-se como verdadeiros colegas de trabalho, com uma dinâmica própria e até com alcunhas engraçadas, como o tratamento shellhead para o Homem de Ferro e high pockets para o Gigante. Foi no nº 28 que foi tomada uma decisão que abriu o caminho para tornar os Vingadores um grupo mais coeso, independentemente da formação da equipa. Nessa história, o Gigante recrutou os Vingadores para o ajudarem a salvar a Vespa, que tinha sido sequestrada, e no processo revelou as identidades dos dois como Henry Pym e Janet Van Dyne. Hank continuou a usar máscaras, mas Janet não. Não foi mostrada uma revelação pública dos seus nomes verdadeiros, mas como o casamento com Pym, em “Avengers” nº 59, já como Jaqueta Amarela, foi feito em público e Janet já era famosa como estilista de moda, era bem claro que o par já não tinha identidades secretas.

Enquanto na Marvel vários heróis optavam por abandonar as identidades secretas, na DC eram raros os casos onde o mesmo acontecia. Membros dos Vingadores como o Magnum (Simon Williams) e o Fera (Henry McCoy), ou a cantora mutante Cristal (Alison Blaire) revelaram publicamente as suas identidades, ainda que Blaire ocultasse a natureza dos seus poderes. O Hulk e Luke Cage, por seu lado, viram-se forçados a revelar as respectivas identidades. No campo sobrenatural, o Dr. Estranho e Daimon Hellstrom nem se preocupavam com isso. Mas na DC, durante os anos 60 e 70, o único caso de renome é o do Homem-Elástico, Ralph Dibny. Ao fim de três histórias como coadjuvante do Flash, e mesmo continuando a usar uma mascarilha, Dibny passou a usar o seu verdadeiro nome em público, tendo revelado a sua identidade ‘fora do ar’, aparecendo repentinamente como “Ralph Dibny, o Famoso Homem-Elástico”. Depois de casar com a debutante Sue Dearborn, o par tornou-se famoso nas revistas do social do Universo DC, especialmente depois de se juntarem à Liga da Justiça, onde eram os únicos que não escondiam a sua identidade. Existiam ainda algumas excepções inaplicáveis, como Aquaman e o Tornado Vermelho, que seguiam os exemplos dos antecessores Namor e Tocha Humana.

Apesar destas situações excepcionais, a protecção da identidade secreta continuou a ser usada como tema recorrente em muitas histórias tanto na Marvel como na DC. A grande maioria dos super-heróis insistia em trabalhar sozinha, como vigilantes não autorizados, e as lutas nascidas de desentendimentos entre personagens, que raramente se encontravam e que não confiavam uns nos outros, eram obrigatórias. Foi só na década de 80 que o mega-crossover mudou tudo.



























Texto: Paulo Costa

E agora quero a 4ª parte! Ora...
lol
:D

Para verem os capítulos anteriores (assim como todos os outros textos deste amigo) é só clicarem no nome do Paulo Costa, ou então nos seguintes links:

Uma breve história da identidade secreta – Parte I

Uma breve história da identidade secreta – Parte II


Boas leituras

10 comentários:

  1. Mais um bom texto :)

    Na DC sempre deram mais atenção a isso e à preocupação pela identidade. Curiosamente um dos heróis mais Marvel era também muito DC nisto da identidade, o Peter Parker / Homem-Aranha

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  2. HUgo Silva
    Sim... e claro... fizeram bosta!
    O Aranha a mostrar a sua identidade secrete na televisão em Civil War!
    :P
    Salvé Quesada!
    :D

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  3. Sobre Civil War só vou falar mesmo na parte 6.

    Eu estava com um pouco de medo desta parte parecer menos interessante, só pelo facto de que acabou-se a história antiga e agora entramos em terreno muito mais familiar para toda a gente.

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  4. Paulo Costa
    Cultura nunca fez mal a ninguém e tu tens estado a escrever de forma vibrante, por isso quem inicia a leitura de um destes 3 posts não desiste até acabar.
    Os meus parabéns por estes textos. São muito bons e é uma honra ter esta História tão bem contada no Leituras de BD.
    Já outros colaboradores fizeram bons textos, alguns muito bons, mas esta série está a ter bastante profundidade. Ainda bem que decidiste repartir por várias partes, porque senão não ficaria assim tão bom!
    Waiting for the IV!
    :D

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  5. Paulo,

    Este textos estão excelentes, porque além de bem escritos nota-se o trabalho de casa que foi necessário para os conceber.
    Venham mais!

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  6. Parabéns aos dois: Ao Paulo Costa pelos textos e ao Nuno Amado pela 'casa' onde estes estão a ser publicados.

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  7. Mais um excelente artigo. Muitos parabéns.

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  8. Tenho que dizer que foi divertido ir à procura de pormenores interessantes sobre o modo como certos super-heróis foram abordados.

    O Luke Cage, em particular, nunca foi um herói tradicional, e achei essa página com o Doom fantástica para explicar a progressão de carreira do Cage: nessa altura ele nem sequer era conhecido por outros heróis, mas o Doom explica muito bem nesse segundo painel qual vai fazer o futuro dele.

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  9. André Azevedo, SAM e Guy Santos
    Ainda bem que estão a gostar! O tema é interessante e está bem escrito e desenvolvido!
    Fiquem atentos, porque ainda faltam mais 3 partes!
    :)

    Paulo Costa
    Essa é a beleza de uma investigação! Descobrir os pormenores interessantes que nem nos tínhamos apercebido até à altura!
    ;)

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