quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Menino Triste - A Essência


João Mascarenhas faz um belo ensaio sobre o conhecimento, a arte e a essência desta. Por vezes parece que divaga, mas não! A dita divagação tem um propósito, um objectivo. O Menino Triste debate-se com o problema existêncial de todos os artistas, ou os que almejam a tal... o que é a arte? É a arte que cria o artista ou o contrário? Ou será que está tudo intrinsecamente ligado? Sim, será a natureza intrínseca da criação, a sua essência ou alma, que faz com que algo seja considerado arte?
Ehhehehe! Até eu já estou a divagar!
José Luis Peixoto faz um belo prefácio ao livro d´O Menino Triste e na contracapa temos pequenos comentários sobre este livro, como por exemplo de Geraldes Lino, Luís Louro ou António Vitorino de Almeida.
Não sei se devo, porque não sei se será assim, considerar o Menino Triste como o João Mascarenhas dentro de uma vinheta... mas se o quarto dele for assim tem muito bom gosto! Disco de vinil dos U2 (o Boy ou então o War), Blondie e Police nos seus primórdios; e para além disso modelos aeronáuticos... :)
Como podem ver, ou sentir, por esta pequena informação, a arte de Mascarenhas é bem detalhada... e para além do detalhe, que por vezes é genial, tem um estilo muito próprio do qual eu gosto bastante! Destaco em Veneza os passeios do Menino Triste na procura da inspiração, da essência, em que muitas vinhetas se passam sem uma única linha escrita, e no entanto dizem tanto sobre o que é belo...
Esta viagem ao interior de nós próprios começa em Coimbra, no quarto do Menino Triste onde se lê:"O que não se vê, apenas se revela, a quem saiba procurar dentro de si". Coimbra é descrita gráficamente num passeio inicial do Menino Triste, onde este se interroga sobre a arte, inspiração e criatividade, acabando por convidar um grupo de amigos para jantar em sua casa. Após alguns dialogos sobre o tema, e na tentativa de devolver ao Menino Triste a sua inspiração, estes convencem o Menino a fazer uma viagem, cujo destino acaba por ser Veneza na altura do célebre carnaval Veniziano... claro que é uma viajem introspectiva, ao seu interior, à sua alma!
Eu gostei! Foi uma boa surpresa, e recomendo. Penso que foi o primeiro lançamento do género da nova editora "Qual Albatroz", que está de parabéns porque a edição está com um bom nivel.
Boas leituras

Hardcover
Criado por: João Mascarenhas
Editado em 2008 por Qual Albatroz
Oferecido por um novo amigo
Nota : 8,5 em 10

6 comentários:

  1. Sempre gostei deste tipo de histórias, tipo de descoberta pessoal... E a arte também parece ser bem boa. ;)

    É agradável ver que a "nossa" BD com uma qualidade desta e artistas portugueses cada vez mais a publicar. :D

    Boa critica a um excelente livro, Bongop.

    Boas Festas, amigo. :)

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  2. Aqui está! Eu gostei muito deste álbum. Desta vez não me vou alargar como é meu hábito. A critica do amigo Bongop fala por mim. O texto que se lê no quarto do herói fez-me lembrar Paracelso.

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  3. Tinha planos para o Menino Triste já para Janeiro mas parece que vão ser adiados para Fevereiro não sou eu que mando :P

    Sem dúvida um dos grandes lançamentos de BD do ano.

    Abraço

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  4. Olá Nuno:
    Como autor do livro, só posso estar satisfeito pelos amigos de qualidade que tenho conseguido através d'O Menino Triste, onde tu obviamente te incluis. O texto que escreves é soberbo! Embora não me fique bem (acho eu) elogiá-lo em público ;), permite-me dizer maravilhas dele também. Penso que apreendeste a essência do trabalho, e ficaria muito, muito satisfeito se todos (ou pelo menos a maioria) dos leitores sentisse idênticas sensações e sentimentos. É isso mesmo que pretendo com este trabalho.

    Deixa-me, por favor, dar aqui mais um agradecimento público à Qual Albatroz, pelo bom trabalho que teve na elaboração deste livro, que permitiu a qualidade com que ele chega às mãos dos leitores.
    Obrigado por seres (e este agradecimento é extensível não apenas aos amigos que aqui colocaram alguns comentários) mais um amigo no grupo. Ainda hoje estive em Coimbra na Dr. Kartoon com o Marc (editor), e tivémos a casa cheia durante toda a tarde. Foi muito bom. Paulatinamente, esse grupo de amigos está cada vez maior. E ainda bem!
    Um grande abraço

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  5. OCP
    Recomendo, e digo isto porque está ao nível de uma qualquer boa edição internacional!
    É raro eu falar assim de uma edição em português. A que foi mais badalada nos últimos tempos foi a do Lacas (Obrigado Patrão), que eu me escusei de fazer critica porque não gostei assim por aí além... a estória era sobre um tema muito adulto, mas a estória tinha uma profundidade para crianças... ou seja, não preenche ninguém! Como sempre, esta é uma opinião pessoal (este blog é meu, ehehehh).

    Refem
    Eu também gostei, e recomendo! É uma prova em que se pode fazer BD portuguesa sem ser chata e sem ser tão experimentalista que ninguém consegue perceber "um boi" daquilo!
    Nice!

    looT
    Que planos tinhas para o MT?
    :)

    Mascarenhas
    A critica que eu fiz foi absolutamente sincera, é raro gostar tanto de uma produção 100% portuguesa, e até a mulher ficou satisfeita, com a leitura d´A Essência, e olha que ela não é fácil de convencer com livros de BD!

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  6. Hummm não sou fácil de convencer?? que falsidade... adoro livros!!

    Ok ok, BD não é a minha praia, mas há alguns que me convencem sim, e o Menino Triste foi um deles, gostei dos desenhos (muito) e do texto (ainda mais), o que me arrelia em alguma BD é serem ocos, apesar de admitir que há bons desenhos, neste "junta-se o útil com o agradável".

    E parem de atirar tomates, ai a conversa.... grrrr eu disse que ALGUMA BD era oca, não é toda!

    enxofre natalino

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Bongadas

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